As dúvidas sobre como deve ser abordada a sexualidade na adolescência estão presentes nos lares brasileiros. Pais e mães despreparados ficam sem saber como conversar sobre sexo com seus filhos. Uma
pesquisa realizada em São Paulo afirma que hoje os jovens estão muito bem informados sobre sexo. Mas como os jovens costumam dizer, "meus pais nunca conversaram sobre sexo comigo". O que sabem aprendem com suas experiências, com amigos, na escola.
A assistente social, Eliziane Rosa diz que a maior dificuldade que impede este diálogo é o preparo dos pais em querer e saber ouvir o que os adolescentes tem a dizer. Em entrevista, Eliziane, que é também especialista em sexualidade, esclarece alguns pontos sobre o início da
vida sexual dos jovens.
Taciana Teles - Quais as mudanças no comportamento dos jovens quando começam a namorar? Como os pais devem agir em relação a vida sexual dos filhos?
Eliziane Rosa - A mudança acontece quando o adolescente começa a se interessar pelo sexo oposto. Por volta de 9 ou 11 anos se percebe um "apaixonamento infantil", que em alguns casos chegam ao conhecimento dos pais, a exemplo daquela coleguinha bonitinha ou o namoradinho da escola. Essa é a idade da aproximação e do contato que resulta no interesse pelo namoro. Esta fase é muito importante para que o diálogo seja uma prática presente na relação entre pais e filhos, pois as futuras relações sexuais são consequências desta época inicial. As mudanças de comportamento são graduais: criança, pré-adolescente e adolescente. Existe uma ordem natural e os pais devem acompanhar essas mudanças para que tenham conhecimento sobre seus filhos e possam orientá-los.
TT - De que maneira os pais podem orientar estes adolescentes?
ER - Para criar filho não tem bula. Depende da família, da religião, da abertura dos pais. Cada grupo orienta de um jeito. Mas, se houver diálogo, as perguntas devem ser construtivas e não invasivas. Está tendo relação? Foi ao médico? Usa preservativo? Como é isso pra você? Quais os seus medos? As perguntas devem ter o objetivo de orientar e não precisa entrar em detalhes. Toda pessoa deve ter a sexualidade explicada e entendida, pelo menos para si. Saber ouvir é fundamental e isso deve começar desde cedo.
TT- Qual o recurso a ser utilizado pelos pais se não existe diálogo?
ER- Se os pais não sabem conversar, não querem ouvir ou se os adolescentes não querem falar, o mais indicado é procurar um profissional.
TT- Como é o sexo na adolescência?
ER- É o melhor sexo. Desde que seja seguro e com responsabilidade. Não existe obrigatoriedade de ter que viver pro resto da vida com aquela pessoa. Para alguns adolescentes essa essa fase pode ser a pior, pois acreditam que o parceiro é o amor da sua vida e quando sofrem uma decepção amorosa, podem até entrar em depressão. Por isso é importante o acompanhamento e a orientação dos pais.
TT- A homosexualidade pode ser determinada na adolescência?
ER- Não. Para o indivíduo ser homosexual ele deve ter tido várias relações com pessoas do mesmo sexo e que tenha decidido que será sempre assim, ou seja, que não irá se relacionar com indivíduos do sexo oposto. Para o adolescente que teve uma relação sexual, ou melhor, uma experiência sexual deste tipo, não significa que ele seja homosexual. Para ser homosexual, deve haver uma opção que será levada até a maturidade.